Em celebração aos 60 anos da Escola de Teatro e aos 70 anos da Universidade Federal da Bahia, e também em homenagem ao ex-aluno, professor, dramaturgo, diretor teatral e ex-diretor da Escola, Deolindo Checcucci, a Cia de Teatro da Escola de Teatro da UBFA encena, com convidados, o espetáculo “Vozes do Desejo”, uma colagem de textos de Deolindo Checcucci, que estreia nesta quinta-feira (21/01), às 20h e depois seguirá em temporada até 31 de janeiro, de quinta a sábado, às 20h e domingo às 19h, no Teatro Martim Gonçalves, no Canela.
“Vozes do Desejo”, que tem direção de Hebe Alves e direção musical de Luciano Salvador Bahia, é um espetáculo musical que reúne trechos de nove peças de Deolindo, lançadas pela EDUFBA, em 2012, na Coleção do Teatro Baiano, em três volumes intitulados “Peças de Amor e Ódio”, “Protagonistas Nordestinos” e “Musicais Infanto-juvenis”. O espetáculo aborda temas que vão da violência urbana ao 2 de Julho, tratando também da trajetória de notáveis personagens da história e do imaginário do povo da Bahia e do Nordeste.
“Misererenóbis” (inédito), “Curra”, “Um Corte no Desejo” e “Ciúme de Você” apresentam o movimento do desejo em meio ao caos da vida urbana e “Raul Seixas”, “Irmã Dulce”, “A Mulher de Roxo”, “O Voo da Asa Branca” e “Quitéria” formam o quadro de referências das figuras baianas e nordestinas que se destacaram por sua obra ou grandiosidade de seu gesto em prol da coletividade. Costurando as cenas, temas musicais instrumentais compostos para o espetáculo por Luciano Salvador Bahia. Durante as cenas, além das músicas e Luiz Gonzaga e Raul Seixas, sucessos das décadas de 70 e 80 que evocam um clima meio marginal, underground, através das composições de Walter Franco e Cazuza.
Não haverá cobrança pelos ingressos, e as senhas serão retiradas na bilheteria até uma hora antes do espetáculo começar. A direção do espetáculo avisa que o número de acentos disponíveis estará mais reduzido, por causa da forma como o espaço cênico será arrumado para a encenação.
Elenco
Estarão em cena, várias gerações de atores, que se revezam interpretando cerca de 100 personagens. Alunos da Escola de Teatro, alguns no início do curso, e estudantes da UFBA da Escola de Música e da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas foram selecionados em uma audição e irão tocar ao vivo em cena e atuar. Como convidados, jovens atores que já estão atuando profissionalmente, atores consagrados, como Edlo Mendes, Joana Schinitman, Selma Santos e Vitório Emanuel, e os aclamados veteranos que escreveram ao longo das décadas a história do teatro baiano e são dois ex-alunos da Escola, integrando a primeira turma do curso de teatro há 60 anos: Mário Gadelha e Sônia Robatto.
Ficha Técnica
Cenário: Rodrigo Frota
Figurino: Zuarte Júnior
Maquiagem: Anna Oliveira
Desenho de luz: Pedro Dultra
Fotos: Diney Araújo
Preparação Corporal: Jane Santa Cruz
Direção Musical: Luciano Bahia
Design Gráfico: Prissila Laís Guimarães
Assessoria de Imprensa: Doris Pinheiro
Assistência de Direção: Camila Guilera e Gustavo Grangeiro
Equipe de Produção: Hebe Alves, Camila Guilera, Leandro Santolli e Vítor Alves
Encenação: Hebe Alves
Elenco: Dimitria Herrera, Felipe Manfrin, Felipe Virguini, Gabrielle Santana, Jell Oliveira, João Victor Soares, Marcos Lopes, Pretha Sousa, Queila Queiroz, Rodrigo Queiroz, Thiago Almasy
Atores convidados: Camia Guilera, Edlo Mendes, Gustavo Grangeiro, Joana Schinitman, Selma Santos, Victorio Emanuel.
Participação Especial: Sônia Robatto e Mário Gadelha.
Músicos: Júlio Ernesto, Paola Dalva Kaká
Sobre Deolindo Checcucci
Deolindo Checcucci Neto (Salvador Bahia), diretor, dramaturgo, professor. Um dos alunos do Curso de Formação do Ator na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia – UFBA, em 1967 e 1968. Conclui o Bacharelado em Direção Teatral na Escola de Teatro da UFBA em 1978. Torna-se Mestre em Direção Teatral na Universidade do Kansas, Estados Unidos, 1983.
Inicia como professor no Curso de Teatro e Expressão Corporal, 1970. Torna-se Chefe de Departamento de Técnicas do Espetáculo da Escola de Teatro da UFBA, no período de 1988 a 1992. Continua na gestão pelo Colegiado de Cursos, de 1992 a 1996. Encerra o trabalho como gestor na instituição sendo Diretor da Escola de Teatro da UFBA, de 1996 a 2000. É Professor Adjunto, paralelamente aos cargos de gestão da unidade.
Participou de vários seminários, de 1970 a 1979, relativos à Dramaturgia e Teatro para a Infância e Juventude, firmando-se como diretor de espetáculos para o público infantil. O início como diretor teatral foi na cidade de Feira de Santana, Bahia, 1968. Foi um dos nomes mais ativos e premiados do teatro baiano. Trabalhou em parceria com importantes personalidades do cenário teatral como Cleise Mendes, Armindo Bião, Guido Guerra e Aninha Franco.
Suas encenações caracterizam-se por duas frentes: uma dedicada ao público infanto-juvenil e a outra endereçada aos adultos. O fato de ser dramaturgo de praticamente todas as suas peças imprime muita personalidade aos espetáculos que dirige. Há uma temática recorrente, a transgressão. Para ele, o teatro é associado à reflexão, ao debate. O entretenimento pelo entretenimento impediria o teatro de ser plenamente o que é. Mesmo atento às possibilidades de divertimento oferecidas pelo teatro, procura uma marca de questionamento em suas produções.
Suas contribuições ao Núcleo de Pesquisa sobre Teatro para Infância e Juventude da Escola de Teatro são relevantes, assim como os espetáculos que dirige para a Companhia de Teatro da UFBA. Professor no Bacharelado em Direção Teatral, entre os anos 80 e 90, influencia muitos alunos da instituição, principalmente em disciplinas como Cenografia, Prática de Ensaio e Direção e Montagem. É representante da geração que esteve vinculada à Escola de Teatro da UFBA durante os anos 60. Leva para Salvador, na década de 80, inovações nos procedimentos de cenografia, por conta dos estudos realizados nos Estados Unidos, como planos diferenciados de ação, estruturas verticais, tablados que invadem a platéia e cenas entre os espectadores. Em seus projetos percebe-se o interesse por montar regularmente autores brasileiros, sobretudo baianos. Em espetáculos dos anos 2000, associa o texto teatral à música. A experiência dessa junção em O Voo da Asa Branca é a mais bem sucedida. Desde os anos 60, reinventa-se como diretor, dialogando através do palco com tendências de cada década, assuntos que circulam pela cidade, temas de interesse, comentários sobre o espaço urbano e suas mazelas, cumprindo a função de provocar espectadores prioritariamente em Salvador.