De 27 a 31 de agosto, Salvador recebe a oficina Processos do Silêncio, oferecida pela fotógrafa e pesquisadora Denise Camargo. Com foco na fotografia, as aulas trazem uma abordagem criativa e dialógica para a produção de imagens que tratam do universo religioso afro-brasileiro, discute aspectos teóricos e as possibilidades artísticas e sociais do conteúdo visual na valorização da cultura negra. A oficina é gratuita e será realizada no CEAO, dias 27, 28, 29 e 31 (das 14h às 18h). No dia 30, das 19h às 21h, ocorre um encontro aberto com palestrantes convidados, que será transmitido ao vivo no site www.oju.net.bre poderá contar com a participação do público via Twitter, enviando perguntas para @ojunet. Processos do Silêncio é um projeto contemplado com o II Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, com patrocínio do Ministério da Cultura, Petrobras, Cadon e parceria do CEAO/UFBA. Fabiane Beneti (Empresa Livre) assina a produção executiva.
As aulas terão como base o processo de criação de imagens para o caderno E o silêncio nagô calou em mim, integrante da tese de doutorado Imagética do Candomblé: uma criação no espaço mítico-ritual (Unicamp, 2010), defendida por Denise. O trabalho gerou também uma instalação fotográfica, contemplada com o I Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, no mesmo ano. Nesta oficina, será abordada a análise de obras dos fotógrafos Pierre Verger, José Medeiros e Mário Cravo Neto, tendo como base as teorias de filósofos e historiadores como Pierre Francastel, Vilém Flusser e Raul Beceyro.
Para Denise, a experiência de matriz ancestral africana circunscreve marcas diversas na cultura, tanto para adeptos das religiões, quanto para a formação da identidade brasileira. Ainda assim, muitas vezes, é tratada de forma estereotipada pelas imagens fotográficas. Com este projeto, a fotógrafa pretende discutir a construção de visualidades capazes de ampliar o conhecimento sobre a cultura negra, rompendo com as visões equivocadas difundidas sobre esse universo. "Isso atinge em especial os terreiros, muito silenciados pelas repressões sofridas e pelo culto aos segredos míticos – elemento responsável pelo caráter ‘mágico’ de preconceitos e temores que se criou em torno de deles”, afirma.
A oficina é destinada a fotógrafos e artistas, educadores, mediadores culturais, abrangendo especialmente professores da rede pública, estudantes de diversas áreas, membros das comunidades de terreiros, e interessados em geral. "O pré-requisito para participação é que as pessoas se comprometam a multiplicar o conhecimento em suas instituições, comunidades, núcleos artísticos, escolas, universidades etc, para ampliar o alcance do projeto”, convida Denise.