O Pró-reitor de Ensino de Graduação, Prof. Penildon Silva Filho, em entrevista para o jornalista Murillo Guerra, da equipe do UFBA em Pauta, faz uma avaliação sobre o projeto UFBA em Debate e fala a respeito dos temas pautados para discussão.
O projeto UFBA em Debate foi idealizado com o objetivo de manter um espaço para reflexão acadêmica e formulação de políticas para a Graduação. Dando sequência aos primeiros debates realizados em 2014, estão programados novos encontros com a comunidade acadêmica em que serão discutidos temas como Assistência Estudantil, Permanência e Evasão no Ensino Superior, Gênero e Sexualidade no Contexto da Vida Universitária, entre outros.
A iniciativa é uma realização conjunta do Observatório da Vida Estudantil, da Pró-reitoria de Ações Afirmativas (PROAE) e da Pró-reitoria de Ensino de Graduação (PROGRAD). A ação também faz parte da programação preparatória para o Congresso da UFBA que será realizado no próximo ano.
Qual a avaliação dos primeiros encontros realizados pelo projeto “UFBA em Debate”?
Os primeiros eventos do UFBA em Debate tiveram uma boa participação de professores, diretores de unidades, chefes de departamento e coordenadores de colegiados. Esperamos ainda contar com uma participação maior dos estudantes. O debate realizado em abril deste ano tratou da interdisciplinaridade e a reformulação curricular. Outros debates foram realizados ainda em 2014. Nestes encontros pudemos discutir temas importantes para a universidade e com isso contribuir para a apresentação de um diagnóstico das políticas de graduação que será encaminhado aos departamentos e colegiados. Nesse processo, a Escola de Nutrição programou uma avaliação do seu currículo e uma proposta de reformulação deve ser apresentada na sequência. A Escola de Teatro também colocou em pauta a importância de aproximar os alunos desta escola com outras áreas do conhecimento, com oferta de disciplinas optativas nas áreas de exatas, de humanas e mesmo de outras expressões artísticas. A formação em cenografia, sonorização e iluminação, por exemplo, envolve conhecimentos técnicos de áreas como a física.
Em relação à formação acadêmica, quais os temas mais importantes que devem ser tratados?
Existe um sentimento grande de promover reformas curriculares, a interdisciplinaridade e a auto-avaliação dos cursos. Também entendemos a necessidade de aperfeiçoar a formação pedagógica dos professores da universidade, investindo na didática e em novas tecnologias, além dos conhecimentos técnicos. Para o próximo semestre está programado um seminário sobre formação docente para o ensino superior em parceria com a Pró-Reitoria de Desenvolvimento de Pessoas (PRODEP). Outra medida que temos priorizado é o acompanhamento da avaliação feita pelo Ministério da Educação (MEC) em relação a cada curso. Importa destacar ainda a necessidade de integração dos Bacharelados Interdisciplinares ao conjunto da universidade, intensificando a sua relação com os demais cursos e acompanhando continuamente o seu processo de implementação junto ao IHAC.
O próximo encontro do projeto (que acontece no dia 12/06) vai abordar como tema a otimização do desempenho acadêmico. Como esse conceito está sendo pensado dentro da universidade?
O tema será abordado pelo professor que trata de questões como a psicologia da aprendizagem e o ensino à distância. A otimização do desempenho acadêmico passa por uma série de questões. As novas tecnologias, por exemplo, podem contribuir com a facilitação do aprendizado, quando bem utilizadas. O foco no processo educacional também precisa colocar o aluno no centro, adotando uma nova lógica que contraria aquela visão de que o professor detém todo o conhecimento e é o responsável pelo ensino e aprendizagem. Trata-se de uma educação contínua e múltipla, que não tem a sua avaliação concentrada apenas no conteúdo, mas também em outras habilidades que devem ser desenvolvidas. No caso do ensino a distância, é possível observar que o aluno se torna o protagonista em muitas situações no processo de aprendizagem.
O projeto também pretende discutir sobre a evasão/permanência dos estudantes no ensino superior. Que fatores que influenciam nessa questão?
Em relação a evasão/permanência dos estudantes na universidade, é preciso observar que há fatores que influenciam a permanência material – que dizem respeito à condição socioeconômica; e a permanência simbólica – que envolve as questões culturais que o aluno se depara ao entrar na universidade, a necessidade dele se posicionar nesse novo espaço e construir a sua rede de relações que lhe ajudam a permanecer. Em termos práticos, os horários de alguns cursos, com disciplinas que são oferecidas em diferentes turnos ao longo do dia, inviabilizam que alguns alunos continuem os seus estudos devido a necessidade que eles têm de trabalhar em paralelo aos estudos. A ampliação da universidade, com o aumento expressivo do número de vagas oferecidas – o que é muito positivo, também fez com que muitas pessoas acessassem o ensino superior com certas lacunas originadas na formação escolar. Pensando nisso, estão sendo desenvolvidas ações para superar essas dificuldades, a exemplo das disciplinas de produção textual ofertadas nos cursos de Bacharelado Interdisciplinar. No Instituto de Matemática, em razão dos altos índices de reprovação em matérias de cálculos, existe um projeto de extensão e de monitoria intitulado Pré-cálculo que ajuda os alunos a superarem essas dificuldades. A PROGRAD está articulando com os Institutos de Física, Química e Letras para fomentar o desenvolvimento de projetos com objetivos semelhantes.
O que apontam os dados sobre evasão de estudantes na UFBA?
No estudo realizado pela Pró-reitoria de Planejamento, os dados revelam que os cursos de licenciaturas apresentam o maior percentual de evasão para o tempo máximo de conclusão, sendo que o maior percentual (66,6%) encontra-se na área de Letras (Área IV), seguido da área de Matemática, Ciências Físicas e Tecnológicas (área I). A evasão é menor em cursos que têm melhores perspectivas no mercado de trabalho. A evasão, por exemplo, é muito baixa em cursos como Medicina e Direito. Em relação à diplomação, os seguintes cursos destacam-se em relação aos demais, por apresentarem percentuais de estudantes concluintes superiores a 70% considerando o tempo máximo de integralização curricular: Medicina (92,34%), Odontologia (86,24%), Direito (85,65%), Enfermagem (70,99%) e Administração (70,63%).
Será produzido algum material a partir dos debates propostos?
Serão produzidos relatórios sobre os debates com propostas que serão encaminhadas para os colegiados, congregações e ao Conselho Superior de Ensino que é quem aprova as resoluções que tratam sobre as políticas de graduação para a universidade. Estamos fazendo o papel de mediação nesse processo que envolve alunos e professores.
Qual a expectativa para o congresso da UFBA em 2016?
O congresso é um evento que será realizado no mesmo ano em que a UFBA comemora seus 70 anos. Sem dúvida, trata-se de um momento importante e será um espaço privilegiado para a reflexão, o debate e a agitação cultural envolvendo toda a comunidade acadêmica e onde serão tratados os assuntos de interesse de toda a universidade.