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Café Científico debate papel dos blogs científicos na internet

Mauro de Freitas Rebelo, da UFRJ, é o palestrante

A próxima edição do Café Científico Salvador vai discutir, no dia 21 de setembro, os blogs de ciências e seu papel na divulgação científica, como vistos por um autor de blog de ciências e pesquisador da UFRJ. Promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS), pela LDM - Livraria Multicampi e pela Biblioteca Pública do Estado da Bahia, o evento será realizado, excepcionalmente, na Sala 2 do Instituto de Biologia da UFBA (Campus de Ondina), a partir das 18h. O Instituto de Biologia se situa entre a Biblioteca Central da UFBA e o PAF-1. O tema, “Blogs de ciência e divulgação científica na internet”, será explorado pelo Prof. Mauro de Freitas Rebelo, docente do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O Café Científico é um local em que qualquer pessoa pode discutir desenvolvimentos recentes das várias ciências e seus impactos sociais. Ele oferece uma oportunidade para que cientistas e o público em geral se encontrem face a face para discutir questões científicas, numa atmosfera agradável. O evento é inteiramente gratuito e não necessita de inscrição. Para mais informações, ligue (71) 3283-6568. Mais dados sobre o café científico de Salvador podem ser encontradas em http://cafecientificossa.blogspot.com. E informações gerais sobre a iniciativa dos cafés científicos podem ser conseguidas aqui: http://www.cafescientifique.org.

Segundo Mauro de Freitas Rebelo, “o mundo hoje é melhor do que era há 5.000, 500, 50, cinco anos atrás. Por causa da ciência. Ainda assim, o que observamos nesse começo de século é uma sociedade cada vez mais distante da ciência. Por quê?! Parte da culpa é dos cientistas. Eles nunca se esforçaram muito para traduzir seus achados para a população, apesar de a população pagar pela produção desse conhecimento científico. Mas também o processo educacional, focalizado em um modelo de escola e professor com capacidade de alcance que não conseguiu instruir a população crescente. A consequência dessa deficiência no ensino é que, de certa forma, os cientistas modernos, apesar de todos os nossos meios de comunicação, estão mais isolados do que os cientistas estavam no renascimento. Isso porque a sociedade, em geral, hoje em dia é tão incapaz de entender o que os cientistas fazem como era há 500 anos.

“E assim criamos um paradoxo: as pessoas nunca usaram tanto a ciência (e a tecnologia), nunca foram tão dependentes da ciência e, ao mesmo tempo, nunca estiveram tão distantes dela. A ciência não pode nos dar tudo de que precisamos para viver bem. Mas se quisermos dar à população tudo o que a ciência tiver a oferecer para que eles possam viver melhor, vamos ter que encontrar uma forma melhor de nos comunicarmos com eles.

“Essa é uma tarefa de todos, mas principalmente do cientista, porque apenas ele pode traduzir o conhecimento complexo que está sendo produzido dentro dos laboratórios para a população leiga. Se fizermos isso, mais do que cumprir o nosso papel e a nossa responsabilidade social, estaremos capitaneando uma revolução na educação. Qualquer um que detenha um conhecimento e que tenha acesso a um computador e a internet pode se tornar um professor para um número incalculável de pessoas, que, por quererem conhecimento e terem acesso a um computador (ou tablet, ou celular, ou TV) conectado a internet, se tornam alunas. 

“E o momento é esse! A última pesquisa de opinião encomendada pelo MCT em 2010 mostra que 65% da população brasileira têm interesse pela ciência (mais que pela política, mas ainda menos que pelo esporte) e que a internet já é a principal fonte de acesso a notícias para jovens e adultos até 30 anos. Só que um alto percentual (40%) da população que não se interessa por ciência explica que simplesmente não consegue entender do que se trata. Não podemos permitir que a compreensão desses fenômenos e dos avanços tecnológicos e sociais permitidos por eles fique restrita a uma parcela da população só por serem difíceis, pouco intuitivos ou por estarem além da nossa compreensão. Isso seria condenar a maioria das pessoas a viver à margem da sociedade, da história e do futuro. Condená-los a viver à margem do seu próprio potencial é colocar nas mãos de outrem o poder de tomar decisões importantes para a sua vida e dos seus.”

Para ele, “os cientistas precisam tomar a iniciativa de um movimento para formar 'autores' e incluir científica, digital e socialmente a população”. A versão completa desse texto encontra-se no blog “Você que é biólogo...”, no endereço eletrônico  http://scienceblogs.com.br/vqeb/2012/09/aproximar_cientistas_sociedade/.