Da esquerda para a direita, Aline Lima, João Carlos Salles, Cassia Maciel, Denise Vieira e Frimiane Venâncio
“Uma instituição pública, especialmente uma universidade, não pode favorecer, alimentar ou tolerar a violência, de qualquer tipo”, diz o reitor João Carlos Salles. A fala, feita durante o lançamento da campanha “Não deixe a violência passar de boa”, traduz os objetivos da ação educativa que busca oferecer à comunidade informações para o enfrentamento às violências que permeiam a sociedade e a universidade. O evento foi realizado na última terça-feira, 09 de outubro, no auditório da Faculdade de Arquitetura.
Para o reitor, é muito importante que a UFBA não esteja sozinha na campanha. “A primeira medida que nós temos como instituição é não fechar os olhos para nossa própria realidade, nós não podemos ocultar a violência que nos contamina porque oriunda de relações sociais de exclusão que estão fora e dentro da universidade”, afirma. Ele reflete que é possível combater as violências, expressas de diversas formas, à medida que elas são identificadas com clareza, de modo a permitir também o acolhimento das pessoas atingidas.
Para a pró-reitora de ações afirmativas e assistência estudantil (Proae), Cassia Maciel, a campanha “Não deixe a violência passar de boa” busca sensibilizar a comunidade para um maior envolvimento no combate às violências no campo dos direitos humanos. Outro objetivo é fortalecer os órgãos da UFBA que já atuam na área, como a ouvidoria, a coordenação de segurança e o programa Universidade, Saúde Mental e Bem-estar (Psiu). “Trabalhar com o tripé das denúncias, mas também da prevenção e do acolhimento. Esse é o espírito da UFBA, nosso sentimento de comunidade e isso não combina com posturas autoritárias, violentas, nem na UFBA nem em nenhum lugar da sociedade”, fala Maciel à plateia que lotou o auditório da Faculdade de Arquitetura.
Além da violência física, busca-se combater o racismo, a lgbtfobia, xenofobia, gordofobia, assédio moral, capacitismo, violência contra a mulher, assédio moral e etnofobia. Serão 35 monitores da campanha - 31 bolsistas no campus Salvador e 4 em Vitória da Conquista. “Nossa iniciativa é que os monitores da campanha possam conversar, orientar a comunidade e distribuir material educativo da campanha. Então, nosso objetivo maior é, de fato, prevenir a ocorrência das violências, mas também combater de modo disciplinar”, conta a pró-reitora Cássia Maciel. "A mais importante postura contra atitudes facistas é a educação, o diálogo, o fortalecimento do senso de solidariedade em nossa comunidade e através de atividades educativas", completa.
A ouvidora da UFBA, Denise Vieira, fala sobre o complexo momento de intolerância em que vive nossa sociedade. “A universidade precisa ser referência de uma cultura emancipadora, respeitadora das diferenças, das diversidades étnicas racial, de orientação sexual, classe social, entre outros”. Ela também destacou a construção do código de ética da UFBA, que “visa ser referência para o desenvolvimento dessa cultura emancipadora e de emancipação das pessoas, de desenvolvimento e respeito aos direitos humanos”. Ela lembrou que essa uma ação que envolve todos os agentes da universidade: técnico-adminstrativos, professores, estudantes e terceirizados.
Além do reitor, da pró-reitora e da ouvidora, estiveram no ato de lançamento a coordenadora de autonomia da SPM/BA, Michele Fraga, a diretora da Escola Superior da Defensoria Pública da Bahia, Firmiane Venâncio, e Aline Lima, psicóloga do Centro de Referência Loreta Valadares.
“Essa campanha vem ao encontro do melhor espírito da universidade, em especial nesse momento em que vivemos dias difíceis, dias sombrios, dias de ameaça ao próprio diálogo democrático, que ultrapassa o simples jogo de imposições políticas porque pode acabar com o próprio sol que a divergência política se realiza. É nesse sentido que temos que estar muito alertas nesse momento que a sociedade brasileira se divide, compreendendo que existem sim muitas discussões a serem feitas, mas nós não podemos aceitar uma solução que comprometa a democracia, os direitos humanos, que agrida as pessoas, que não respeite as diferenças, que não aceite a diversidade”, defende o reitor João Carlos Salles. Para ele, “a violência não pode passar de boa nem na UFBA nem no país”.
O Programa PSIU tem plantões de acolhimento para escuta de estudantes e servidores voltado para saúde mental e bem estar psíquico. Os canais para denúncias, através da Coordenação de Segurança, são: 71 3283-5800, das 8h às 18h, seguranca@ufba.br e da Ouvidoria 71 3283-7044 – das 8h às 18h, 71 98643-3137; ouvidoria@ufba.br.