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Debate reafirma importância da inclusão de deficientes no espaço universitário

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A mesa “Inclusão & Acessibilidade na UFBA: Um olhar técnico administrativo” permitiu, nesta quarta-feira (17), durante o Congresso Pesquisa, Ensino e Extensão 2018, que os debatedores trouxessem suas visões sobre a relação que pessoas com deficiência mantêm com o espaço universitário e a dificuldade para elaboração de práticas inclusivas realmente assertivas. O debate se deu de forma construtiva, contando com a participação dos espectadores.

Os convidados trouxeram o tema da acessibilidade num olhar amplo, mas que ao mesmo tempo se preocupava com suas particularidades, pois cada indivíduo enfrenta sua realidade. O debate moldou-se na visão de que a construção de uma acessibilidade afirmativa não passa apenas pela estrutura, mas também pela quebra de “barreiras atitudinais”, como destacou a representante da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (FASUBRA), Lucimara da Silva Cruz.

Para o servidor da universidade Edmundo Xavier, que é deficiente visual, é necessário ter um olhar que vá além do lugar-comum, daquilo que é palpável: “Mesmo que estivéssemos em condições ideias, com autonomia financeira, poderíamos resolver todos os problemas de ordem estrutural, torná-la (a universidade) acessível no ponto de vista físico, mas, ainda assim, se não tomarmos atitudes inclusivas, não conseguiremos tornar esse ambiente plenamente inclusivo”.

Para o coordenador do Núcleo de Apoio à Inclusão do Aluno com Necessidades Educacionais Especiais (NAPE), Euler Moraes Penha, o indivíduo que possui alguma limitação física não deve ser visto como alguém inferior, incapaz de praticar alguma ação. Ele destaca a importância de não reproduzir esse discurso violento. Por mais que o espaço universitário mantenha sua característica de ser um espaço diverso, nem sempre há a confiança que, estando dentro da universidade, essas pessoas permaneçam em longo prazo, como ressalta Edmundo Xavier: “O fato de existir uma política de cotas para pessoas com deficiência dentro da universidade faz com que ela repense o seu papel institucional, de como garantir a permanência não só dos estudantes, mas também de servidores e trabalhadores que sofrem de alguma deficiência, que tem direito a desenvolver suas atividades como qualquer outra pessoa”, acreditando que o seu papel como membro participativo da universidade é promover a inclusão, torná-la algo visível.

Ainda sobre esse tema, Lucimara reafirma como a presença desses cidadãos contribui para a luta contra o preconceito e exclusão: “A presença de uma pessoa com deficiência é uma provocação à reflexão, à mudança”.

Eliete Gonçalves da Silva, representante do Sindicato dos Trabalhadores Técnicos e Administrativos da Universidade Federal da Bahia (ASSUFBA), entende que espaços de conversa e troca de experiências são o primeiro passo para assegurar um espaço acadêmico ainda mais inclusivo para todos. “A mesa foi pensada como um pontapé inicial para inclusão não só dos estudantes, mas também dos técnicos administrativos”.

“A inclusão não é só para pessoa com deficiência. Quando pensamos em acessibilidade não falamos apenas de pessoas deficientes, estamos falando de todos. Do pipoqueiro com seu carrinho, da mãe que traz uma criança de colo, um senhor de idade, um jovem que quebrou a perna ou até mesmo alguém que está com dor. Quando falo em rota acessível, não falo de privilégio, estou falando de prever acesso é garantir a autonomia do sujeito”, concluiu Euler Cruz.