O seminário "Relendo Thales de Azevedo" reúne, entre 10 e 13 de novembro, importantes pesquisadores das Ciências Sociais para recordar a obra do intelectual baiano e debater acerca do estado atual da pesquisa nas principais temáticas abordadas em seus trabalhos, como "História e Relações Raciais", "Estado e Religião", "Antropologia, Corpo e Saúde", "Antropologia do Cotidiano" e "O Campo da Antropologia Baiana".
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O evento começa na terça-feira, com a inauguração da exposição "Presença de Thales", em que o público poderá conhecer aquarelas, fotografias e objetos de trabalho de Thales de Azevedo. Haverá também a pré-estreia do documentário "Um mestre de mestres: o legado de Thales de Azevedo", dirigido por Fernando Firmo, e o lançamento do livro "Uma pesquisa sobre a vida social no Estado da Bahia", de Jaci Maria Ferraz de Menezes.
Entre quarta e sexta-feira, as sessões terão, pela manhã, no Convento de Santa Clara do Desterro apresentações de comunicações selecionadas pela comissão científica do evento - ao todo, cerca de 30 papers. Pela tarde, na sede da ALB (Academia de Letras da Bahia), o o evento terá mesas redondas temáticas, com pesquisadores da UFBA, de universidades baianas (UFRB, UFSB, UNEB e UEFS) e da ALB, além de convidados da Fundação Oswaldo Cruz e das universidades LYON II (França) e CUNY (EUA).
O encerramento, na sexta-feira à noite, será com um concerto do maestro Paulo Lima e Orquestra Sinfônica da UFBA.
"Thales é uma das 'estrelas' do pensamento na Bahia, um dos mais renomados intelectuais baianos. É praticamente o iniciador da pesquisa em Ciências Sociais na Bahia, foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia por duas vezes. Os temas que ele tratou continuam ainda muito atuais", diz o professor Ordep Serra, à frente da organização do evento. O seminário, diz ele, é o primeiro de uma série de eventos intitulada "Relendo pensadores da Bahia", que, nas próximas edições, homenageará Edgrad Santos, Rômulo Almeida, Anysio Teixeira e Milton Santos.
Sobre Thales de Azevedo
Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia (1922/27), Thales de Azevedo foi interno da Cadeira da Clínica Ginecológica do Prof. José Adeodato de Souza, na Enfermaria do Hospital Santa Isabel da Santa Casa de Misericórdia da Bahia. Atou como médico por mais de 40 anos, identidade profissional que foi acumulada, a partir de 1943, com a de professor universitário.
Enquanto professor universitário, além de sua passagem pela Faculdade de Medicina da Bahia, como assistente dos cursos de Farmácia e Medicina (1936/37), liderou a criação da Escola de Serviço Social da Bahia (1944), unidade pioneira da Universidade Católica do Salvador, onde colaborou como professor até 1967, tendo sido seu diretor entre 1944/54.
Entre os marcos decisivos de sua dedicação ao ensino e à pesquisa está o convite de Isaias Alves para integrar o corpo docente da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, criada em 1941, hoje Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde ensinou entre 1943/69. Devido à sua formação em medicina, Thales de Azevedo foi encarregado da 1ª Cadeira de Antropologia e Etnografia do Brasil da Faculdade de Filosofia, cuja matéria integrava-se aos currículos de Geografia e História e de Ciências Sociais. Nela, ele deveria cobrir temas de antropologia física ou biológica, mas enviesaria progressivamente para assuntos de antropologia social.
A partir de 1949, trabalhando com Anísio Teixeira, então Secretário de Educação e Saúde do Estado, Thales de Azevedo foi encarregado de dar apoio ao Programa de Pesquisas Sociais do Estado da Bahia – Columbia University (1950/53), do qual logo em seguida tornou-se coordenador, acompanhando seus desdobramentos em vários estágios posteriores de treinamento e orientação de estudantes americanos em estágio na Bahia, ainda por mais de duas décadas.
Como um dos fundadores e membro do Conselho Diretor da Fundação para o Desenvolvimento da Ciência na Bahia (1950/68), Thales de Azevedo teve um papel decisivo no apoio a projetos de pesquisa e na concessão de bolsas de estudo a pesquisadores. Em 1955/1956, voltou ao ensino em medicina, tornando-se Professor Conferencista da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Em seguida, quando primeiro dos Pró-reitores da Universidade Federal da Bahia, na qualidade de diretor do Departamento Cultural (1960/62), abriu a discussão entre o corpo docente sobre a reforma universitária, retomada quando diretor da Faculdade de Filosofia em 1964/68.