
O “Grupo de Percussão da UFBA” repetiu, em novembro, aquilo que já se habituou a fazer há mais de 60 anos: turnês musicais por várias cidades. A única diferença é que, desta vez, a banda alçou voos mais altos e se apresentou pela primeira vez fora do Brasil, mais precisamente na Alemanha. Foram dois recitais: na “Musikschule Der Stadt Krefeld” (Escola de Música da cidade de Krefeld), de 20 a 22; e, logo em seguida, no palco da “O-Ton”, em Colônia, nos dias 24 e 25, fechando a turnê.
De acordo com Aquim Sacramento, coordenador do Curso de Instrumento da Escola de Música da UFBA, a presença do Grupo na Alemanha foi muito rica e com salas cheias. “Levei sete alunos da Escola e apresentamos dois repertórios diferentes”, disse o músico, revelando, em seguida, como surgiu o convite para se apresentar lá: “A possibilidade começou a ser desenhada durante o nosso “Festival Internacional de Percussão 2 de Julho”, que acontece anualmente em Salvador e costuma atrair, durante seus seis dias de apresentações, músicos e fãs da percussão de vários países.”
“Pessoas conhecidas do Grupo foram procuradas para saber como nos contactar, fazer um convite e oferecer um pacote para nos levar à Alemanha, o qual era insuficiente”, afirmou. Para garantir a ida, a solução seria buscar ajuda junto a outras instituições. A oportunidade merecia o esforço. “O nosso projeto é certificado como Ponto de Cultura. E, sendo assim, contamos com incentivos do Governo do Estado que, via Secretarias da Cultura e da Fazenda, conseguiu, por meio do Edital de Mobilidade, nos apoiar”, explicou.
Primeiro grupo de percussão do Brasil, originalmente chamado de Conjunto de Percussão da UFBA, foi formado em 1964 pelos compositores e professores da Escola de Música da UFBA, com o intuito de desenvolver repertório contemporâneo, explorando também as técnicas de instrumentos como berimbau e atabaque. Professores renomados como Lindembergue Cardoso, Fernando Cerqueira, entre outros, foram pioneiros. Mais tarde, em 1994, o professor Jorge Sacramento iniciou a coordenação do grupo de percussão, batizando-o como atualmente é conhecido. O principal objetivo do trabalho passou a ser o de valorizar os compositores baianos, principalmente os da UFBA, originando um repertório vasto para percussão na Bahia.
A partir daí, Jorge Sacramento, que tinha bacharelado em instrumento, fez mestrado, doutorado e pós-doutorado em Educação Musical na UFBA. Atuou por mais de 25 anos na coordenação do curso de percussão e do Grupo de Percussão da UFBA. Além disso, até bem pouco tempo tocou na Orquestra Sinfônica da UFBA e performou no “Duo Sacramento”, formado com o seu filho, Aquim Sacramento.
Aquim, por sua vez, iniciou seus estudos de percussão aos 9 anos de idade, no curso básico da Escola de Música da UFBA, com o pai Jorge Sacramento. Passou a dar aulas de percussão na UFBA em 2020. Antes, porém, tornou-se bacharel em instrumento na UNESP, mestre na UFBA em Educação Musical, doutorado em Performance Musical e agora está pós doutorando em Performance Musical na UNICAMP.
O trabalho do Grupo de Percussão é voltado para composições e arranjos que utilizam instrumentos como: Marimba, Vibrafone, Xilofone, Tímpanos, Caixa Clara, Bombo, Tom-Toms, Pratos, Triângulo, instrumentos vistos em um ambiente mais sinfônico. Também se utiliza de instrumentos das tradições culturais afro-baianas, nordestinas e brasileiras, como Pandeiro, Zabumba, Timbal, Atabaque, Conga, Surdo, entre outros.
A liderança de Jorge e Aquim Sacramento, seja no Grupo ou na coordenação, imprimiu uma novidade metodológica na área musical, trilhando caminhos pedagógicos que colocam em prática novas ideias para estimular e motivar os estudantes ao aprendizado da percussão, proporcionando, assim, aos alunos experiências que facilitam a inclusão no mercado de trabalho, além de contribuir com o fortalecimento de suas identidades enquanto seres histórico-sociais.
O Grupo de Percussão hoje é composto de um professor de percussão formado, 25 alunos de extensão, 10 da graduação e três do mestrado. Com esse número de músicos é possível, segundo Aquim, montar vários subgrupos para apresentações diversas em lugares diferentes no mesmo dia. “Hoje, temos um contingente de percussionistas, formado pela Escola de Música da UFBA, espalhado pelo país e pelo mundo tocando, ensinando e criando possibilidades advindas da percussão”, garante Aquim